A 20ª edição da Parada Livre da Região Centro movimentou Santa Maria neste final de semana. Realizada pela ONG Igualdade com apoio da prefeitura, o evento contou com muita celebração e militância, na Gare da Estação. Com o tema “Meu voto, meu orgulho: por uma política que representa” a comemoração reuniu aproximadamente 2 mil pessoas, segundo a organização, para lutar pelo direito de ser e de amar.
Além da Parada Livre, no começo da tarde de ontem, ocorreu a concentração para a 2ª Caminhada Trans da Região Centro, a Parada Trans e diversos shows e performances. No sábado (03), a festividade recebeu apresentações de artistas LGBTQIA+ e rodas de conversa. Além disso, nos dois dias, o Ônibus Lilás, unidade móvel do Departamento de Políticas para as Mulheres da Secretaria Estadual de Desenvolvimento, Trabalho e Justiça, esteve oferecendo serviços gratuitos, como orientação para retificação do nome e gênero, atendimentos de saúde e com psicólogos, advogados e assistentes sociais.
De acordo com a coordenadora da ONG Igualdade, Marquita Quevedo, a repercussão do evento foi muito boa e atingiu todas as expectativas. Ela revela também que a organização já está trabalhando nas próximas edições.
– Todo mundo estava feliz, alegre e essa diversidade é muito bonita. Já estamos organizando a segunda parada trans para o mês de janeiro e construindo a próxima edição da parada. Vão vir novidades, a estrutura vai ser maior e a tendência é crescer cada vez mais. Já são 20 anos aqui em Santa Maria e que venham mais 20! – celebra Marquita.
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Um retorno aguardado
Ao longo dessas duas décadas, a causa teve conquistas importantes como o reconhecimento do casamento entre pessoas do mesmo gênero e a criminalização da homofobia e transfobia. No âmbito local, em 2011, Santa Maria foi a primeira cidade da região a incluir a Parada Livre no calendário oficial do município e neste ano aderiu ao Pacto de Enfrentamento à Violência LGBTfóbica.
Eventos como esse foram cruciais para o avanço desses direitos, no entanto a história que se iniciou em 30 de junho de 2002, teve que dar uma pausa devido a pandemia da Covid-19. Depois desse intervalo sem ocorrer a festa, a Parada retornou com força.
– Estou muito feliz de poder estar aqui depois de dois anos e ver tanta gente lutando junto. Precisávamos retornar para continuar mostrando para a população que nós existimos e que somos dignos de respeito e de direitos – afirma Vagner de Oliveira, advogado especialista em direito homoafetivo e apresentador da 20º Parada Livre da Região Centro.
Para a também apresentadora oficial da festividade e membro da ONG Igualdade, Hellen Byanchini, significa muito poder voltar a celebrar e lutar pela visibilidade trans.
– Poder retornar nesse pós-pandemia com essa celebração linda é muito bom. Os últimos anos foram difíceis para todos nós, mas não cedemos e seguimos nessa luta, nessa caminhada de resistência, buscando empatia e respeito – diz.
Um evento para todos os públicos
Além do público LGBT+ a parada também recebeu diferentes formatações de famílias, casais cis e simpatizantes da causa. Franciane Hundertmarck, 32 anos, e Cristina da Costa, 30, estão juntas há sete anos e levaram as filhas Isabelle e Camille para celebrar a diversidade.
– Já é a segunda vez que viemos e a parada é uma forma de reconhecimento. Nós sabemos o preconceito que a gente sofre, fazemos parte desse grupo e dessa luta, por isso trouxemos as crianças para elas entenderem desde pequenas que o amor existe de diversas formas – explica Cristina.
Tauany Medeiros, 16, é estudante e se identifica como heterossexual, e participou do evento com muita empolgação, carregando a bandeira simbólica do movimento LGBTQIA+.
– É uma causa justa e toda forma de amar é válida, por isso vim lutar junto com eles. A parada é muito importante para desconstruir preconceitos e para que todos possam se expressar livremente – comenta.
Um dos objetivos do evento é trazer também visibilidade para diferentes orientações sexuais e identidades de gênero. Saturn Scheffer, 23, se identifica como uma pessoa trans não-binária, pansexual e conta ter sentido o acolhimento
– Normalmente a gente anda na rua e não se sente confortável, aqui eu me sinto bem, eu me divirto e me sinto seguro. A parada mostra para as outras pessoas que a gente existe e temos direitos – disse.
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